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Encontro com Agentes de Saúde marca início do Agosto Lilás

Palestra abordou o combate à violência contra a mulher

Na manhã de terça-feira (05), Agentes Comunitários de Saúde (ACS) participaram de um encontro no auditório da Secretaria Municipal de Saúde, marcando o início da campanha Agosto Lilás, mês dedicado à conscientização e ao enfrentamento da violência contra a mulher.

 

A atividade contou com uma palestra da coordenadora do Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM) de Pinheiral, Carolina Cardoso de Oliveira, que abordou os diferentes tipos de violência, formas de identificação, canais de denúncia e o papel da rede de apoio no acolhimento e proteção das vítimas.

 

Promovido em parceria entre as Secretarias Municipais de Saúde e de Assistência Social e Direitos Humanos, o encontro teve como objetivo fortalecer a atuação dos profissionais de saúde nas visitas domiciliares, ampliando o olhar atento e acolhedor diante das situações de vulnerabilidade vivenciadas por muitas mulheres.

 

A atuação dos ACS é fundamental na luta contra a violência de gênero, especialmente por estarem em contato direto com as famílias e conhecerem de perto a realidade de cada território. Durante o encontro, foi destacada a importância de adotar uma escuta sensível e sem julgamentos. “A escuta qualificada, o acolhimento e o encaminhamento adequado são atitudes que fazem a diferença. O agente é peça-chave nesse processo de identificação e cuidado. A violência contra a mulher não é uma questão isolada: é um problema de saúde pública que exige atenção, empatia e ação”, afirmou Carolina.

 

A superintendente de Programas e Ações da Secretaria de Saúde, Patrícia Rivello, também reforçou a necessidade de integração entre os serviços da rede. “Esse é um momento de fortalecimento da nossa rede de trabalho e aproximação entre as secretarias. A violência contra a mulher é, sim, uma questão de saúde pública e precisamos tratá-la como tal, com responsabilidade e sensibilidade”, destacou.

 

Durante sua fala, Carolina também ressaltou a importância do engajamento coletivo na prevenção e no enfrentamento à violência. “Todos temos responsabilidade. Não podemos ser omissos. Violência não é só soco, tapa ou beliscão. Antes disso, muitas mulheres já passaram por agressões psicológicas, morais, patrimoniais ou sexuais”, explicou.

 

Ela alertou ainda para os casos de feminicídio, enfatizando que identificar os sinais precoces pode salvar vidas.

Entre os temas discutidos no encontro, estiveram os fatores que dificultam o rompimento do ciclo da violência, como a dependência financeira, os filhos e o medo de denunciar. Em muitos casos, a única rede de apoio disponível é justamente a saúde e a assistência social, o que torna o acolhimento humanizado e sem julgamentos ainda mais essencial.

 

Durante a palestra, Carolina explicou o funcionamento do CEAM, que conta com uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, assistente social e advogado, atuando no apoio e acompanhamento das vítimas. “Quando uma mulher registra uma ocorrência, o CEAM aciona um fluxo de atendimento que garante acolhimento e proteção à vítima. Oferecemos suporte emocional e social, com a possibilidade de permanência em local seguro, preservando a integridade física e emocional da mulher e de seus filhos”, explicou.

 

Foi ressaltada, também, a importância de promover o resgate da autonomia feminina, incentivando a capacitação profissional e a inserção no mercado de trabalho como forma de garantir dignidade e independência. Ela também destacou que o município conta com políticas públicas, bem como benefícios voltados para garantir o acesso a direitos e proteção, as mulheres em situação de violência.

 

Uma vivência sobre a temática também foi conduzida pelo psicólogo Roberto Carlos da Silva, proporcionando um momento de reflexão e acolhimento aos participantes.

 

Segundo dados da Vigilância em Saúde, somente neste ano, 51 casos de violência contra a mulher foram notificados pelo Pronto-Socorro Municipal. A superintendente de Programas e Ações, Patrícia Rivello, alertou para a gravidade dos números: “Os dados são alarmantes e mostram o quanto ainda precisamos avançar na prevenção e no enfrentamento da violência de gênero. Nosso papel é garantir que essas mulheres sejam ouvidas, acolhidas e encaminhadas com segurança para os atendimentos necessários”, finalizou.

 

 

Vale destacar que, no mês passado, a Prefeitura firmou um convênio com a Polícia Militar para a criação da Sala Lilás em Pinheiral, um espaço que garantirá atendimento humanizado e especializado às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. A iniciativa representa uma importante parceria com a PM e permitirá que o município conte com uma base da Patrulha Maria da Penha, fortalecendo a rede de proteção às mulheres. A Sala Lilás funcionará na nova sede da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, localizada na Praça Teixeira Campos, no Centro da cidade.