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Equipe da Secretaria de Educação e Inovação de Pinheiral visita o Circuito da Herança Africana

Formação da equipe no Rio de Janeiro aprofunda estudos sobre a história e o legado do povo negro

Em uma experiência de profunda imersão histórica e cultural, 32 profissionais, entre diretores e professores do projeto de Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER) da Secretaria Municipal de Educação e Inovação, participaram de uma visita formativa ao Circuito da Herança Africana, no Rio de Janeiro. O percurso, que valoriza a memória, a resistência e o legado do povo negro na formação do Brasil, foi conduzido por Alexandre Cassiano, do Instituto Pretos Novos (IPN), e proporcionou uma vivência de aprendizado, reflexão e valorização da ancestralidade.

 

A atividade, realizada no mês em que se celebra o Dia da Consciência Negra, encerrou os encontros da formação continuada em Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER). A iniciativa teve como objetivo ampliar o conhecimento sobre a contribuição africana na formação da identidade nacional, promovendo reflexões sobre memória, ancestralidade e a valorização da cultura afro-brasileira.

 

O trajeto teve início no Largo de São Francisco da Prainha, ponto que simboliza o antigo Porto do Rio e o entorno onde se formaram importantes quilombos urbanos. No local está a Casa do Zungu, abrigo histórico de pessoas escravizadas em fuga. Ali, os participantes conheceram também a trajetória inspiradora de Mercedes Baptista, primeira bailarina negra do Theatro Municipal, que rompeu barreiras e levou a dança afro-brasileira ao reconhecimento internacional.

 

Na sequência, a visita seguiu até a Pedra da Prainha, atualmente conhecida como Pedra do Sal, local de forte presença cultural negra, que serviu como ponto de desembarque de navios carregados de sal e se transformou em reduto de terreiros e rodas de samba.

 

O Cais do Valongo, reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade, foi um dos pontos mais marcantes do percurso. Construído em 1811, foi o maior porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas, por onde mais de um milhão de pessoas chegaram, trazendo consigo saberes, línguas e espiritualidades que moldaram a cultura brasileira.

 

No Jardim Suspenso do Valongo, erguido sobre o antigo mercado de escravizados, o grupo refletiu sobre as camadas de apagamento e resistência que compõem o território, evidenciando como o passado, embora silenciado, permanece vivo na memória e nas lutas contemporâneas.

 

Entre os locais visitados, o Cemitério dos Pretos Novos se destacou pela força histórica e emocional. Descoberto em 1996, durante obras residenciais na Gamboa, o sítio arqueológico revelou ossadas de milhares de africanos que não resistiram à travessia do Atlântico ou aos primeiros dias no Brasil. Funcionando entre 1769 e 1830, o espaço tornou-se um dos maiores registros da violência do tráfico negreiro. Hoje, abriga o Instituto dos Pretos Novos (IPN), centro de memória, pesquisa e educação que transforma dor em resistência, consciência e conhecimento.

 

O percurso incluiu ainda passagens pela Praça dos Estivadores e pelo Lazareto, locais que testemunharam o cotidiano e a luta daqueles que enfrentaram a opressão. O grupo também conheceu a simbologia do Baobá, árvore sagrada africana que representa força, sabedoria, ancestralidade e vida longa.

 

A coordenadora pedagógica Frances Marcatto destacou o impacto simbólico e emocional da formação. “Caminhar por esses espaços é um mergulho na ancestralidade. Cada passo é um reencontro com a nossa história, com a dor e a resistência do povo negro. Essa experiência nos fortalece como educadores comprometidos com uma educação antirracista”, disse.

 

Mais do que uma simples visita formativa, a experiência representou um convite à escuta, ao reconhecimento e à valorização das raízes africanas que moldam a sociedade brasileira. Foi um momento de aprendizado sensível e reflexivo, que reforçou a importância de uma educação antirracista, comprometida com a verdade histórica, o respeito à identidade e a valorização da cultura do nosso povo.

 

A atividade integra as ações da Formação Continuada em Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER), que promove encontros mensais e reafirma o compromisso da Secretaria Municipal de Educação e Inovação com uma educação inclusiva, democrática e pautada nos direitos humanos, reconhecendo o papel fundamental da população negra na construção da história e da identidade brasileira.

 

A viagem também faz parte do projeto “Turistando por Aí”, iniciativa da Secretaria que proporciona aos estudantes da rede municipal experiências educativas fora da sala de aula, unindo educação, cultura e lazer. Por meio de visitas a parques, museus e pontos turísticos, o projeto amplia o aprendizado de forma prática e interdisciplinar, estimulando o senso crítico, o respeito ao patrimônio cultural e ambiental e fortalecendo os laços entre alunos, professores e a comunidade escolar.

 

O secretário de Educação e Inovação, Luciano Marins, ressaltou a importância do projeto como ferramenta de transformação e ampliação do olhar educacional. “O Turistando por Aí é uma iniciativa que conecta o conhecimento à vivência. Quando nossos profissionais e estudantes saem da sala de aula para explorar espaços, ampliamos horizontes, fortalecemos a consciência crítica e valorizamos a nossa identidade. É uma forma de aprender com o território, com a história e com as pessoas que fazem parte dela”, declarou.